Tempo? Tão triste tempo que passa sem despedir-se. Soneto de aflição. Admito admirá-lo por seu descaso para com a vida. Lamenta, mas segue seu curso inesgotável de sequências a serem cumpridas. Lepidamente, vai e jamais retorna ao seu início. O início é propriamente diário. Não finda. Não inicia. Somente, e tão-somente, segue incondicionalmente, insignificando os obstáculos. De nada esquece. Porém, é tamanha a intensidade de sua sumida que os fatos tornam-se lembrança passada do passado. As lembranças tornam-se visíveis quando, por acaso, o alvo anterior surge inesperadamente. Então, ele leva deliciosamente aos olhos de quem almejava revê-la. O sorriso é tão belo, tão prazeroso, que o tempo deixa suas lágrimas fossilizadas retomarem o brilho do instante jorradas, e assim o presente vem à tona. O presente do passado é agora presente. O tempo, com essa abrupta mudança, questiona-se sobre o futuro. Mas a sabedoria é sua intensa qualidade...por que a dúvida? Ela advém da insegurança do desconhecido. O tempo é incerto, cheio de surpresas. Ele desconhece o pós e releva o pré. A ânsia do saber o faz inseguro. Há muita vivência em pouco tempo. No tempo há a própria ausência de tempo. Ele mesmo não o conhece. O ser humano é o tempo. Sem começo, sem fim. O ser humano é a personificação carnal de Deus. Ele é eterno. Sem começo, sem fim. A complexidade humana é incompreensível ao ser.
Deixemos o tempo correr em prol de nossas insanidades. Apenas o tempo ulterior, o temido tempo, corresponderá a nossas ansiedades.
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